Em 2010, quando me mudei de São Paulo de volta para o Rio de Janeiro, vendi meu carro e passei a usar só o carro da empresa onde vim trabalhar. Esse mês, de repente, me vi sem carro pela primeira vez na vida desde os 18 anos. E, feito Deus na criação do Universo, vi que era bom.
Estava perto de fazer uma cirurgia que vai me deixar um mês sem poder dirigir mesmo (faltam 6 dias!) e me dei conta de que, por conta da lei seca, praticamente só usava o carro durante a semana, pra ir ao trabalho – coisa que não preciso mais fazer. Ou seja, zero necessidade de comprar um carro novo.
A segunda foi começar a repensar essa dependência do carro que o carioca – eu incluída – tem, numa cidade tão pequena e de clima tão ameno. Falta estrutura, concordo, e falta segurança, também concordo, mas sem pressão popular nada disso muda, e o melhor exemplo é a Holanda (vou postar um vídeo sobre isso já já).
A verdade é que a gente vai se acomodando com coisas que a gente não precisa, e vai ficando dependente delas de tal maneira que a gente começa até a pautar as nossas escolhas de vida pra acomodar essas coisas. Tipo deixar de morar num apartamento legal mas que não tem garagem porque temos um carro que não precisamos ter. Ou ficarmos num emprego com o qual não estamos felizes porque temos que pagar despesas que, no fundo, não precisamos ter (IPVA, seguro, manutenção, gasolina, estacionamento).
Então eu resolvi ficar pelo menos 3 meses sem carro, experimentando a vida sobre duas rodas e táxi.