Escolha sua vida | Paula Abreu

Às vezes a gente é meio repetitivo mesmo, mas é porque tem certas mensagens que não custa nada martelarmos na cabeça — nossa, dos amigos e dos leitores — porque são importantes, muito importantes.

Tem pouco tempo que o Alex Castro postou um texto em que ele conta a história da irritação dele com um roomate de Nova Orleans que teimava em usar uma caneca em que ele, Alex, gostava de tomar seu café. E conta como ESCOLHEU lidar com isso, refletindo antes sobre o tipo de pessoa que queria ser (não o tipo que era, vejam bem, mas o tipo que queria ser).

Um ou dois comentários falavam que ao optar por não criar uma confusão com o roomate, o Alex estaria sufocando sua irritação, jogando a irritação pra baixo do tapete, ou coisa parecida, e que a irritação ia só acumular e, um dia, ele ia explodir.Acontece que aí está a beleza de sermos animais racionais. Somos animais, sim. Nos irritamos porque alguém usa a nossa caneca, quebra o nosso prato, come o último biscoito do pacote, pede o nosso livro emprestado e não devolve, e por aí vai.A irritação é natural. Mas, como somos racionais, temos a capacidade de refletir sobre o que nos irrita, por quê nos irrita, se deveria mesmo nos irritar, o que está por trás dessa irritação, como podemos reagir, quem escolhemos ser.Não somos o animal selvagem que, na maioria das vezes, só tem como opção se defender de forma agressiva.

(e isso me lembra o meu texto sobre a arte perdida de se perguntar)

Eu várias vezes já falei aqui, parafraseando o Leo Babauta, que o primeiro passo para se tornar um minimalista é se declarar um. É querer ser. É decidir ser. É querer voluntariamente viver só com aquilo de que se precisa de verdade.

Eu tomei essa decisão há alguns meses. E desde então, algumas vezes já ri junto de amigos ou leitores que foram na minha casa e, ao abrir a porta, disseram: “Paula Abreu, você é uma fraude!”. Porque na minha casa tem absolutamente tudo. Tem 31 pares de sapatos. Tem um descaroçador de azeitona. Tem móveis que perteceram aos meus avós e aos meus pais. Tem a minha primeira máquina de escrever, que ganhei do meu avô aos 10 anos de idade. Tem uma coleção ridícula de bonecas caríssimas dos anos 70. Tem uns 2000 livros. Tem não só um, mas dois pincéis que imagino sejam para espalhar azeite/óleo/manteiga na panela.

Na minha casa tem 35 anos de acúmulo. Pior, desses 35 anos, 15 eu passei no mundo corporativo, onde se você não toma o café que um leprechaum cagou depois de tomar um chá de cogumelo numa tarde de domingo, meu amigo, você é um merda. Um mundo onde coisas simples como lavar o cabelo se tornam complicadíssimas e sofisticadas e demandam cinco produtos diferentes importados de 3 continentes diferentes e que custam 4 cifras de dilmas. Ou melhor, de obamas.

Essa era eu, aos 35 anos. Essa é a pessoa que eu decidi não ser mais. Porque eu não queria mais ter essas coisas, eu queria ser. Ser uma pessoa nova, ser uma pessoa melhor. Por mim, pelo meu filho, pelo mundo.

Trinta e cinco anos de acúmulo não desaparecem em um dia. Nem dois. Nem em 5 meses, como eu aprendi. Uma das grandes desvantagens de se ter coisas é que elas dão trabalho, elas demandam empenho, esforço (carros precisam ser lavados nos sábados de sol…rs) e…surpresa…também é trabalhoso se livrar delas.

Nesses 5 meses de vida nova, nada nada NADA entrou na minha casa sem uma reflexão minha antes. Não gastei um centavo com nada de que não precisasse. E, nas raras ocasiões em que isso aconteceu ou perigou acontecer, eu percebi ou logo antes, ou logo depois.

Nesses 5 meses, muitos sacos de 100L de lixo saíram da minha casa. Muitos outros ainda precisam sair.

Nesses 5 meses de desapego, deixei de ter muita coisa que tinha, deixei de comprar muita coisa que poderia vir a ter. Mas passei a ser muitas coisas que sempre sonhei em ser e me sinto hoje muito mais EU do que era há 5 meses. Conheci pessoas incríveis que entraram na minha vida de forma totalmente aleatória, trazidas pelo universo. Tive ideias fantásticas. Encontrei o amor.

Tenho um monte de trabalho pela frente, mas é isso que eu quero fazer, é isso que eu quero ser.

E você? Quem você quer ser?

Às vezes a gente é meio repetitivo mesmo, mas é porque tem certas mensagens que não custa nada martelarmos na cabeça — nossa, dos amigos e dos leitores — porque são importantes, muito importantes.

Tem pouco tempo que o Alex Castro postou um texto em que ele conta a história da irritação dele com um roomate de Nova Orleans que teimava em usar uma caneca em que ele, Alex, gostava de tomar seu café. E conta como ESCOLHEU lidar com isso, refletindo antes sobre o tipo de pessoa que queria ser (não o tipo que era, vejam bem, mas o tipo que queria ser).

Um ou dois comentários falavam que ao optar por não criar uma confusão com o roomate, o Alex estaria sufocando sua irritação, jogando a irritação pra baixo do tapete, ou coisa parecida, e que a irritação ia só acumular e, um dia, ele ia explodir.Acontece que aí está a beleza de sermos animais racionais. Somos animais, sim. Nos irritamos porque alguém usa a nossa caneca, quebra o nosso prato, come o último biscoito do pacote, pede o nosso livro emprestado e não devolve, e por aí vai.A irritação é natural. Mas, como somos racionais, temos a capacidade de refletir sobre o que nos irrita, por quê nos irrita, se deveria mesmo nos irritar, o que está por trás dessa irritação, como podemos reagir, quem escolhemos ser.Não somos o animal selvagem que, na maioria das vezes, só tem como opção se defender de forma agressiva.

(e isso me lembra o meu texto sobre a arte perdida de se perguntar)

Eu várias vezes já falei aqui, parafraseando o Leo Babauta, que o primeiro passo para se tornar um minimalista é se declarar um. É querer ser. É decidir ser. É querer voluntariamente viver só com aquilo de que se precisa de verdade.

Eu tomei essa decisão há alguns meses. E desde então, algumas vezes já ri junto de amigos ou leitores que foram na minha casa e, ao abrir a porta, disseram: “Paula Abreu, você é uma fraude!”. Porque na minha casa tem absolutamente tudo. Tem 31 pares de sapatos. Tem um descaroçador de azeitona. Tem móveis que perteceram aos meus avós e aos meus pais. Tem a minha primeira máquina de escrever, que ganhei do meu avô aos 10 anos de idade. Tem uma coleção ridícula de bonecas caríssimas dos anos 70. Tem uns 2000 livros. Tem não só um, mas dois pincéis que imagino sejam para espalhar azeite/óleo/manteiga na panela.

Na minha casa tem 35 anos de acúmulo. Pior, desses 35 anos, 15 eu passei no mundo corporativo, onde se você não toma o café que um leprechaum cagou depois de tomar um chá de cogumelo numa tarde de domingo, meu amigo, você é um merda. Um mundo onde coisas simples como lavar o cabelo se tornam complicadíssimas e sofisticadas e demandam cinco produtos diferentes importados de 3 continentes diferentes e que custam 4 cifras de dilmas. Ou melhor, de obamas.

Essa era eu, aos 35 anos. Essa é a pessoa que eu decidi não ser mais. Porque eu não queria mais ter essas coisas, eu queria ser. Ser uma pessoa nova, ser uma pessoa melhor. Por mim, pelo meu filho, pelo mundo.

Trinta e cinco anos de acúmulo não desaparecem em um dia. Nem dois. Nem em 5 meses, como eu aprendi. Uma das grandes desvantagens de se ter coisas é que elas dão trabalho, elas demandam empenho, esforço (carros precisam ser lavados nos sábados de sol…rs) e…surpresa…também é trabalhoso se livrar delas.

Nesses 5 meses de vida nova, nada nada NADA entrou na minha casa sem uma reflexão minha antes. Não gastei um centavo com nada de que não precisasse. E, nas raras ocasiões em que isso aconteceu ou perigou acontecer, eu percebi ou logo antes, ou logo depois.

Nesses 5 meses, muitos sacos de 100L de lixo saíram da minha casa. Muitos outros ainda precisam sair.

Nesses 5 meses de desapego, deixei de ter muita coisa que tinha, deixei de comprar muita coisa que poderia vir a ter. Mas passei a ser muitas coisas que sempre sonhei em ser e me sinto hoje muito mais EU do que era há 5 meses. Conheci pessoas incríveis que entraram na minha vida de forma totalmente aleatória, trazidas pelo universo. Tive ideias fantásticas. Encontrei o amor.

Tenho um monte de trabalho pela frente, mas é isso que eu quero fazer, é isso que eu quero ser.

E você? Quem você quer ser?

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