Não uso mais salto alto. Passei 15 anos da minha vida trabalhando em ambientes onde as mulheres deviam usar salto alto – não era regra, mas era ‘de bom tom’. Na hora de sair à noite, não fazia sentido descer do salto. De sapatos baixos eu me sentia menos “eu”, mas na verdade o que eu estava me sentindo era menos o meu personagem, a Paula advogada, poderosa, no controle de tudo.
Nesse ano, mesmo antes de parar de advogar, comecei a descer do salto. Comecei a trabalhar cada vez mais de sapatilha e me sentir muito bem com isso. Um dia, saí de noite de havaianas pra tomar um chopp com os amigos. Nessa mesma noite, 4 pessoas me disseram que eu estava muito bonita. Foi libertador.
Me dei conta de que eu SOU grande, independente do sapato que esteja usando. E que sou uma pessoa muito melhor quando estou à vontade, confortável, pulando, correndo, saltitante, simplesmente porque estou sendo mais “eu”. E, curiosamente, quando estou sendo eu – leia-se, uma oompa loompa nanica de 1,63m – as pessoas se aproximam mais, puxam mais conversa, fazem mais amizade.
Acho bonitos alguns sapatos de salto alto, continuo tendo alguns e muito eventualmente até posso usar, mas não sinto mais a necessidade e muito menos a obrigação. Nem na noite, nem em festa, nem mesmo em casamento. Uso só quando estou muito a fim. Chique mesmo é ter estilo, é ser fiel a você mesmo. E essa foi a minha escolha.